O poeta tem o dom de transformar em paisagem aprazível
qualquer lugarejo que para o comum dos mortais, é inóspito.
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Estupendo, para o poeta. Foto autor. |
O sonhador sobe
para cima de um penedo onde nem os gafanhotos querem viver e pode entender que
aquilo é magnifico. Se junto do penhasco houver um pinheiro mesmo que invadido
por lagartas processionarias , o poeta vai esquecer o efeito urticante causado pela bicharada e a
paisagem torna-se sublime, estupenda. Talvez o poeta tenha imaginado a flor do
pinheiro centenário que fecundada na Primavera, deu origem a nova pinha que
depois de mudar de forma, cor e tamanho, viu com o Verão, chegada a hora de
libertar a sua progenitura.
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Pinheiro centenario. (foto net.) |
Farto de ser
oprimido estava o pinhão, quando viu chegada a hora da liberdade; Bateu as
palmas, saltou de alegria, mas na hora da verdade, (qual pára-quedista antes do
primeiro salto,) hesitou, agarrou-se às paredes, mas estava escrito, o vento
sacudiu o ramo que lhe servia de cordão umbilical, e este foi projectado para o
vácuo.
Quis a Previdência
que o vento o ajudasse a subir nas alturas e rodopiando tentou escolher o lugar
ideal para “aterrar”.
Não podia escolher
um jardim ou seara, porque segundo os humanos seria indesejável; foi poisar-se
entre dois rochedos onde nem os animais o pudessem tragar. Ai nasceu um
esplêndido pinheiro que depressa cresceu ate que um casal de namorados em busca
de aventura, entendeu que o lugar era demasiado inóspito para tão linda dadiva
da natureza, o mandou cortar, fez com a madeira um barquinho e pôs-se a
navegar. Aproveitou para esse fim um pequeno rio que passava perto, afluente de
um outro que os levaria ate ao Oceano.
Começavam os
apaixonados a sonhar com uma ilha deserta onde pudessem olhar-se no branco dos
olhos sem incomodar ninguém,
quando foram surpreendidos por uma tempestade e o barquinho fracassou contra a
margem.
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Quando a tristeza chegar, faz um barquinho e poe-te a navegar. (foto net.) |
Em homenagem à
arvore que tanto prazer lhes proporcionara, decidiram os apaixonados plantar
muitos pinheiros a fim de que todos os namorados do mundo pudessem construir um
barquinho e pôr-se a navegar, mas como não os encontraram, plantaram então
outras arvores, muitas arvores.
Deve isso ter
acontecido ao Sul de Coimbra, e foram talvez os namorados em questão que
plantaram o Choupal.
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Choupal. Foto autor. |
A.L.
Quando a tristeza
chegar
Faz um barquinho
E põe-te a navegar
E cria a esperança
breve
De que és uma pena
leve
Muito leve a
flutuar.
(Poeta desconhecido)
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