Perorando sobre a
miséria ambiente, dizia um dia o Pr. da Republica que o Estado não pode acudir
a todos, mas os que têm mais...
Se o Sr. Pr.
tivesse andado na “escola” comigo, teria constatado que na parede de uma velha
casota onde eu aprendi a ler e a contar, havia um cartaz que em letras garrafais dizia: os que podem aos que
precisam, colaborai na mendicidade. O Sr. Pr. andou por outras bandas e
descuidado, quase ressuscitava o
velho slogan salazarista: dêem uma esmola ao pobrezinho.
O Senhor
Presidente, o que os pobres querem, não é caridade, mas justiça; as pessoas
carenciadas não querem que lhes levem de vez em quando um quilo de arroz e uma
lata de salsichas, o que elas precisam e ter o suficiente para viver de cabeça
levantada com dignidade. Não são esmolas que queremos, mas viver como homens ,
não como bichos, (viver como espírito, não como célula.) Assim diziam os
entendidos. Já lá vão muitos anos, certo escritor dizia: A vigésima quinta
hora, é aquela em que a nobreza do espírito, não mais será subjugada, à tirania
da matéria, mas essa hora cada dia que passa, se afasta mais de nos.
Dizem por ai, Sr.
Pr. que há pessoas que gozam de boa saúde e não querem trabalho, mas isso é
treta ou são em numero reduzido. Na minha terra todos trabalham desde que
tenham emprego; se o Senhor conhece alguns que se agarram ao rendimento mínimo,
por comodidade, pegue-lhes na mão, uma palmadinha nas costas, e diga-lhes que
trabalhem um bocadinho: 1 hora
hoje,2 amanha, 3 no dia seguinte, e assim sucessivamente, porque o
trabalho faz calos, estraga as mãos, você não sabe, mas eu digo-lhe: o trabalho
fodernica as mãos todas, e se não há emprego para os trabalhadores, como quer
você que trabalhem os poucos malandros que possam existir? E de qualquer forma,
trabalho rima com trabalhador não com malandro, mas que reguem os jardins
públicos, que limpem as florestas, calmamente, mas que retribuam o que os
contribuintes lhes dão.
E costume dizer-se
que o Estado paga, mas onde vai ele buscar o dinheiro se não é ao bolso dos
contribuintes? Tanto quanto sei ainda não foi encontrado um poço de petróleo
sob o palácio de Belém, ou uma mina de ouro sob S. Bento. E o dinheiro para os vossos
carrões, onde vão busca-lo? Se me pedem um imposto, gosto e saber para onde
vai, se derem um subsidio, procuro saber de onde vem; não vou dizer que o
generoso Estado me deu uma ajuda, se são os impostos do meu vizinho que
financiam; e quem sabe se ele se levanta mais cedo que eu! Por enquanto a
alvorada toca mais cedo em minha casa, no futuro, veremos.
A.L.
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