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samedi 29 décembre 2012

COMO DIRIA JOSÉ CID...




Todos os anos eu volto em Agosto ao mesmo lugar, isto é, vindo pelo Sul entro na rãs, viro à esquerda, passo pela Relva e desço lentamente aquela estrada  que outrora era caminho  que tantas vezes palmilhei, e que me leva ao Senhor dos Caminhos.
Observo, qual paisagem imutável, os mesmos pinheiros, os mesmos penedos, desde a idade em que com a minha bata branca e a minha faixa de cruzado, talvez desse uma nota de candura à procissão  dos Domingos de Lazaro.
Depois de dar uma volta ao Santuário, desço até à margem esquerda do Vouga, imobilizo-me no lugar onde outrora construía as minhas casinhas, observo com certa nostalgia aquele rectângulo verde seco, onde passei grande parte da minha adolescência, ora guardando a “castanha” e a “amarela” de Setembro a Janeiro, ora apanhando o feno sob o tórrido calor de Julho.
Tento atravessar o rio onde atravessei centenas de vezes para ir buscar agua fresca a uma nascente situada numa propriedade, pertença de alguém de Vila Boa; ( obrigado pela agua). Ai, um no aperta-me a garganta: Que é da agua cristalina  onde antigamente até lavávamos a loiça? Que é das libelinhas azuis que com os seus voos acrobáticos me faziam esquecer a arduidade do trabalho?
Hoje  abundam as algas e falta a agua. Até os peixes desertaram. Desço até à levada do Trabulo, e ai  ponho-me a sonhar: Não seria possível construir ai uma mini barragem que evitaria  as inundações no Inverno, e constituiria uma reserva para o combate aos incêndios do Verão? E quem sabe se os aviões tipo Canadair lá poderiam abastecer?!
Regresso à Igreja; imagino já a agua visível do adro a partir do qual se poderia abrir uma estrada directa ao rio. Quem sabe se até o Senhor dos Caminhos apreciaria! Viriam os peregrinos e os turistas; os peregrinos poderiam tomar banho, e os turistas poderiam rezar e deste modo o Verão seria uma festa naquele local sagrado!
Um tanto ou quanto extenuado, retiro-me para uma sombra. Recordo os duros trabalhos efectuados durante tantos anos nas imediações da igreja, compensados com as merendas dos dias de festa: o bom cabrito assado e o bom vinho tinto. Se o Senhor dos Caminhos o permitir, para o ano cá estaremos de novo.

António S. Leitão.

dimanche 4 novembre 2012

PELA PATRIA.




Por António correia de Oliveira.

Ouve, meu filho: cheio de carinho,
Ama as arvores, ama. E se puderes,
(E poderás: tu podes quanto queres!)
Vai-as plantando à beira do caminho.

Foto autor.
Hoje uma, outra amanha, devagarinho.
Serão em fruto e em flor quando cresceres.
Façam os outros como tu fizeres:
Aves de Abril que vão compondo o ninho.

Torne fecunda e bela cada qual,
A terra em que nascer: e Portugal
Será fecundo e belo, e o mundo inteiro.

Fortes e unidos, trabalhai assim...
A Pátria não é mais do que um jardim
Onde nos todos temos um canteiro.
 


samedi 6 octobre 2012

ELES LEVAM TUDO.



Por Fernando S. Leitão.

Tudo é desconcertante
E o aparente vazio
Embora seja Primavera
Os pobres têm mais frio.

O vazio é brutal
Na sua governação
E um autêntico carnaval
O Pais esta a leilão.

Eu vou dizendo então
Que há tanta crueldade
A revolta é necessária
Para acabar com a maldade.

E sem do nem piedade
Pelos mais desprotegidos
Os “vampiros” esvoaçam
Ouvem-se tantos gemidos.

Pensando que tudo podem
Pelos seus distribuir
Teremos nos mito gosto vê-los
Com suas malas partir.

Não dizendo isto a rir
E caso para pensar
Continuando “gamando”
Onde isto ira parar.

Pondo-me eu a olhar
Eu já vi tanta asneira
Todas as negociatas
Envergonham a Bandeira.

Traíram os seus heróis
Os seus feitos denegriram
Eu pergunto: qual é o seu pais?
As estrelas encobriram.

Há profundo distanciamento
Em relação à politica
Se eles não se emendam
Chovera imensa critica.

Organizar a resistência
E urgente e necessário
Quem a isto disser que não
Venha provar-me o contrario.

Neste tempo agonizante
Terá de haver alternativa
Com estes “gajos” assim
E melhor que vão para a estiva.



samedi 1 septembre 2012

L'INDIFFERENCE.




By  Gilbert  Bécaud

Les  mauvais  coups, les lâchetés
Quelle importance
Laisse-moi te dire
Laisse-moi te dire et te redire ce que tu sais
Ce que détruit le monde c’est :
L’indifférence

Elle a rompu et corrompu
Même l’enfance
Um homme marche
Um homme marche, tombe crève dans la rue
Eh bien personne ne l’a vu
L’indifférence

L’indifférence
Elle te tue à petits coups
L’indifférence
Tu es l’agneau, elle est le loup
L’indifférence
Um peu de haine, un peu d’amour
Mais quelque chose
L’indifférence
Chez toi tu n’es qu’un inconnu
L’indifférence
Tes enfants ne te parlent  plus
L’indifférence
Tes vieux n’écoutent même plus
Quand tu leur causes

Vous vous aimez et vous avez
Un lit qui danse
Mais elle guette
Elle vous guette et joue au chat à la souris
Mon jour viendra qu’elle se dit
L’indifférence

L’indifférence
Elle te tue à petits coups
Indifférence
Tu es l’agneau, elle est le loup
L’indifférence
Um peu de haine
 Un peu d’amour
Mais quelque chose

L’indifférence
Tu es cocu et tu t’en  fous
L’indifférence
Elle fait ses petits dans la boue
L’indifférence
Y a plus de haine, y a plus d’amour
Y a plus quelque  chose

L’indifférence
Avant qu’on en soit tous crevés
D’indifférence
Je voudrais la voir crucifier
L’indifférence
Quelle soit belle écartelée
L’indifference.







SENHOR DOS CAMINHOS. (A carvalha.)




Por Fernando S. Leitão.

Caminhante peregrino
Cuida do teu caminhar
Senta-te a minha sombra
Para um pouco descansar.

Sou uma arvore frondosa
Da gosto para mim olhar
Tenho tronco, braços e ramos
Onde os pássaros vêm cantar.

Também dou lenha para aquecer
Em dias de invernar
Olha peregrino em redor
Trata-nos com algum cuidar.

A carvalha.
(foto autor.)
As arvores deves amar
Foi um bem que Deus nos deu
Refrescando aqui um pouco
Mais parece estares no Céu.

De uma pequena semente
Aqui estou para agasalhar
O mundo sem a minha sombra
Era um calor de abrasar.

Não querendo mais maçar
Quero pedir-te um favor
Rectifica o caminhar
Semeia um pouco de amor.

Atenua alguma dor
Do amigo ao teu lado
Os peregrinos que somos
E este o nosso fado.

São quatro horas da manha
 A Carvalha quero cantar
Olho par ti tantas vezes
Que me apetece rezar.








SENHOR DOS CAMINHOS. ( O SANTUARIO.)




Por Fernando S. Leitão.

Nesta sagrada capela
Tanta gente vem rezar
Aliviar seu pesar
Não há palavras que cheguem
Para o alivio sentido
Neste sagrado lugar.


O meu Senhor dos Caminhos
Encaminha os meus passos
Não me deixando perder
Acerta o meu caminhar
Não me deixando cair
Não me deixando sofrer.

Encaminha meu pensar
Esclarece-me as ideias
Dá-me um pouco de alegria
Eu vou rezando as vezes
Olhando a tua torre
Pai-Nosso e Ave-Maria.
Santuário do Senhor dos Caminhos
Ras Satao.
(foto autor)

Estas colunas teriam servido outrora para suportar
um coberto que se destinava
a abrigar os andores em dias de chuva.
(foto autor.)

Ajuda-me e esclarece
A existência da minha alma
Se para mim um clarão
Na tua capela colocamos
Esse teu sagrado chão.

No talegre nos cortamos
Esses belos quadrados
Que estão no teu interior
O trabalho que fizemos
Eu quero dizer bem alto
Foi feito com muito amor.

dimanche 22 juillet 2012

RECORDAR. Cont.


Por Fernando S. Leitao.

Oh laje do escorrega
Onde a roupa era rasgada
Era imensa a brincadeira
A que pode ser comparada?!

Da dois passos mais abaixo
Junto ao moinho do António da Fonte
Come ai um piquenique
E espera que eu te conte.

Esbaforidos vínhamos
Quando da parede do gato
Andar sempre ao pé delas
Era um tanto ou pouco chato.

Tal como fomos nascidos
Assim íamos para a agua
Sempre que eu penso nisso
Fica cá uma grande magoa!

E lá na poça do Corgo
Mesmo sem saber nadar
Sempre uns atrás dos outros 
Num constante chapinhar.

Uma passagem tão bela
Senta-te lá algum tempo
Leva boa companhia
Nunca mais esqueces o momento.

Penedo da Fontanheira
Tu és de grande beleza
De cima dele tu vias
A formosa natureza!

E do penedo da Estrela
Em amena cavaqueira
Os homens cortavam o feno
Lá em baixo junto à ribeira.

E tu do mocho chamado
Estas cheio de casinhas
Quem me dera ai brincar
Mesmo com os cabelos  branquinhos.

Mal um pouco de descuido
Estavam elas nos milheirais
Teu desabafo era sempre
Andares para ai aos ais.

Fomos tantos que ai andamos
Numa brincadeira sa
Mal se perdiam as vacas e ovelhas
Lá estava a mama.

RECORDAR.




Por  Fernando S. Leitão.

Às voltinhas no  São Bento
Tanta gente ai brincava
Foi ao bicho, à barra e à bola
Que a gente ai se deliciava

Milagrosa  Santa  Luzia
Dos sem luz és Padroeira
É  um dos  grandes desejos
Eu parar à tua beira.

Senhora das sete espadas
Bem sabes o que são dores
Penso eu e também outros
Que o mundo não são só flores.

Nossa Senhora das Dores
Tem sete espadas ao peito
Soldado tem sete letras
Serviram do mesmo jeito.

E lá da tal capelinha
Contemplas a Paradaia
Com toda a sua beleza
Quaisquer ser penso que desmaia.

Vai até àquele penedo
Do Bairro alto chamado
Estas mais perto do Céu
Mais junto do Deus adorado.

Vira-te agora para a Lapa
Vai à Corga da Estrumeira
Da terra que de lá tiraram
Já há tão pouca lameira.

Andando até ao estádio
Para ai um bocadinho
Olha as paragens distantes
Talvez fiques pasmadinho.

Lá em baixo fica o Vouga
Aquele que vai até Aveiro
Junto a esse memo curso
Fica tanto e tanto lameiro.

Vai até à parede do gato
E podes jogar à choca
Se não queres andar com a pinha
Podes levar com a moca.







mardi 17 juillet 2012

OS PORCOS APRECIAM QUE LHES ATIREM COMIDA, AS PESSOAS, NAO.




Perorando sobre a miséria ambiente, dizia um dia o Pr. da Republica que o Estado não pode acudir a todos, mas os que têm mais...
Se o Sr. Pr. tivesse andado na “escola” comigo, teria constatado que na parede de uma velha casota onde eu aprendi a ler e a contar, havia um  cartaz que em letras garrafais dizia: os que podem aos que precisam, colaborai na mendicidade. O Sr. Pr. andou por outras bandas e descuidado, quase ressuscitava  o velho slogan salazarista: dêem uma esmola ao pobrezinho.
O Senhor Presidente, o que os pobres querem, não é caridade, mas justiça; as pessoas carenciadas não querem que lhes levem de vez em quando um quilo de arroz e uma lata de salsichas, o que elas precisam e ter o suficiente para viver de cabeça levantada com dignidade. Não são esmolas que queremos, mas viver como homens , não como bichos, (viver como espírito, não como célula.) Assim diziam os entendidos. Já lá vão muitos anos, certo escritor dizia: A vigésima quinta hora, é aquela em que a nobreza do espírito, não mais será subjugada, à tirania da matéria, mas essa hora cada dia que passa, se afasta mais de nos.
Dizem por ai, Sr. Pr. que há pessoas que gozam de boa saúde e não querem trabalho, mas isso é treta ou são em numero reduzido. Na minha terra todos trabalham desde que tenham emprego; se o Senhor conhece alguns que se agarram ao rendimento mínimo, por comodidade, pegue-lhes na mão, uma palmadinha nas costas, e diga-lhes que trabalhem um bocadinho: 1 hora  hoje,2 amanha, 3 no dia seguinte, e assim sucessivamente, porque o trabalho faz calos, estraga as mãos, você não sabe, mas eu digo-lhe: o trabalho fodernica as mãos todas, e se não há emprego para os trabalhadores, como quer você que trabalhem os poucos malandros que possam existir? E de qualquer forma, trabalho rima com trabalhador não com malandro, mas que reguem os jardins públicos, que limpem as florestas, calmamente, mas que retribuam o que os contribuintes lhes dão.
E costume dizer-se que o Estado paga, mas onde vai ele buscar o dinheiro se não é ao bolso dos contribuintes? Tanto quanto sei ainda não foi encontrado um poço de petróleo sob o palácio de Belém, ou uma mina de ouro sob S. Bento. E o dinheiro para os vossos carrões, onde vão busca-lo? Se me pedem um imposto, gosto e saber para onde vai, se derem um subsidio, procuro saber de onde vem; não vou dizer que o generoso Estado me deu uma ajuda, se são os impostos do meu vizinho que financiam; e quem sabe se ele se levanta mais cedo que eu! Por enquanto a alvorada toca mais cedo em minha casa, no futuro, veremos.

A.L.

mardi 10 juillet 2012

ABRIL CONTINUARA CINZENTO.




Num Abril não muito distante, brindou-nos o Pr. da Republica com um discurso informando os Portugueses que somos um Estado pobre. O Dr. Cavaco auscultou o pais e o diagnostico é sem ambiguidades: somos uns coitados.
Pensava eu que com pib  per capita igual a metade do que ostentam os nossos vizinhos, (eu olho para o Norte não para o Leste, ) o mal era crónico, mas oxalá não seja bem assim. Mas... e é muito grave, Doutor?
Certo governo  tinha diagnosticado o estado de tanga, mas agora ficamos completamente nus.  Consta que se os pobres empobrecem, há ricos que enriquecem. Ora se os ricos  progridem, Aida bem, sempre há quem pague meio-quartilho, se a miséria dos pobres aumenta, estamos mal; e não há por ai um ministério mais rico onde se possam “roubar “ uns cobres? É certo que nao se combate a fome e a delinquência com aviões de caça ou submarinos, mas também não se pode dar uma “Play Station” a cada um dos nossos Generais. E em que ficamos?
Propunha o Sr. Pr. um pacto entre os partidos. Convide pois todos eles; convide os empresários e os empregados; os filósofos e os agricultores; os inteligentes e os idiotas; convide-os a todos, mas que cada um pague o seu almoço. Diga-lhe que mais tarde ou mais cedo ( mais tarde que cedo, evidentemente,) talvez se deva imaginar um modelo de sociedade mais justo onde os ricos enriqueçam e os pobres desempobreçam.
Segundo certas “más-línguas ” sempre as mesmas, Sr. Pr.  há por ai certa Senhora politica que depois de ter trabalhado dez anos se reformou aos quarenta e dois, mas isso é mentira, um homem como você  não admitiria tanta injustiça, ou será que lá pelas Índias copiamos a sociedade de castas, e pela América Latina, a Republica daqueles frutos em forma de virgula?
Vista a situação sob certo prisma, os pobres são todos uns tesos: não têm lá um bom tinto e um bom presunto para V. Exas. Eu cá, falo por mim; um copo de morangueiro e umas sardinhas pescadas quem sabe na semana passada, ( eu moro muito longe do mar, sabe Sr. Pr. ?) Talvez  se pudessem arranjar, o resto não, custa para cima de um dinheirão, e se os cá tivesse eram para mim. Certo menino do campo, passava um dia junto a um formigueiro e admirado, porque as formigas passavam a vida a trabalhar, elas responderam: MEU MENINO SO MANDUCA NESTA VIDA QUEM TRABUCA.
Há dias o Senhor andava muito triste, e tem chorado muito? Eu também ando muito triste,e se nao choro, não é por falta de vontade.
Cante agora comigo Sr. Pr.

Esta noite, eu chorei tanto
Sozinho, sem ter um bem
Por mais uma pensão toda a gente chora
Por mais uma coisa que nem toda a gente tem
Eu por cá vivia tranquilo, mas preferia não dar nada a ninguém.

E o Sr. P. Ministro também anda muito triste não obstante o seu carro novo? E os Deputados e Ministros também andam tristes?
Cantemos todos um bocadinho.

Encosta tua cabecinha
No meu ombro e chora
E conta tuas magoas todas
Para mim.
Que quem chora no meu ombro
Eu juro que não vai embora
Que não vai embora
Que não vai embora.

A.L.


dimanche 8 juillet 2012

RÉSISTE.




Prouve que tu existes
Cherche  ton bonheur partout, va,
Refuse ce monde égoiste
Resiste
Suis ton coeur qui insiste
Ce monde n’est pas le tien, viens,
Bas-toi, signe et persiste
Resiste.

By France Gall.

samedi 7 juillet 2012

VOCÊ DISSE SINDICALISTA?




Longe da terra
Não pela serra
Mas sem os passarinhos
Que fazem: dim, derlim, dim...
Acontece-me que para matar saudades passo da televisão francesa à portuguesa, e deparei há dias com a imagem de um senhor que se diz sindicalista, mas que vinha fazer propaganda para um partido politico.
Não fazia publicidade para um partido qualquer, não senhor, mas para àquele que nos anos 70, recebia ordens de Moscovo.
Recordo com tristeza aquela noite em que cá longe procurando saber noticias da parvónia, tentava sintonizar a rádio portuguesa, mas era a rádio moscovita que me saia  na mesma frequência. Diziam então os kamaradas que  Portugal devia nacionalizar a banca e os seguros. Não tardou pois que  a ordem fosse seguida à letra. (Não sorriam os salazaristas, porque foi Salazar que me deu “escolas” que nem retretes tinham).
No que concerne o nosso “sindicalista” dirige ele um sindicato ou uma filial de um dos últimos partidos comunistas da Europa? Quererá ele ser chefe de kolkhoze? Saiba que possuo umas terras  abandonadas; se o nosso “amigo” quiser adquiri-las quem sabe graças à magia soviética possa uni-las e realizar o seu sonho.
E certo que no passado a nomenclatura  russa possuía luxuosas “Datchas” junto à Volga. Não fique desiludido  prezado senhor, tenho também um palhal em ruínas junto à Volga; talvez possa o senhor compra-lo e  construir a sua “Datcha”.
P.S. Um pequeno lapso se introduziu neste texto. O palhal de que falo, não é junto à   Volga, mas junto ao Vouga ; é  quase igual e é mais perto; e para quem chamava paraíso ao pais do Gulague, o lapso não é tão grande como parece .

A.L.

dimanche 1 juillet 2012

QUEM DISSE PRIMATAS?




De entre os diversos flagelos que assolam o nosso velho Continente, há por exemplo, a emigração clandestina, e como não é possível empregar todos os “refugiados”, vamos encontrar estendendo a mão junto aos semáforos, enquanto outros fartos de “pedir” começam a esvaziar os parquímetros do seu conteúdo, por vezes manipulados por autenticas organizações mafiosas que os forçam a roubar confiscando-lhes em seguida o fruto do seu “trabalho”.
Não ficam por aqui as actividades criminosas de alguns desses “turistas”. Alguns trazem com meninas as quais prometeram emprego, obrigando-as em seguida a exercer a mais antiga profissão do mundo, e com o dinheiro assim angariado vão inundar os nossos países com estupefacientes e se a prostituição é visível, já o comercio da droga é mais subterrâneo e quando detectado pode ser já tarde.
De onde quer que eles venham, têm todos o mesmo dominador comum: são oriundos de países que são ou que foram num passado recente dirigidos por regimes déspotas, e as ditaduras qualquer que seja a cor que elas ostentam produzem os mesmos efeitos: instauram a miséria nos seus países, exportando-a seguidamente para casa dos vizinhos. E esta a diferença entre as democracias e as ditaduras: as primeiras acolheram no meio dos anos 60 centenas de milhar de Portugueses que fugiram a miséria Salazarenta e deste modo enviaram-nos nos anos  um arremedo de desenvolvimento, as segundas enviam-nos miséria sob forma de mão-de-obra barata, prostitutas e organizações criminosas. Vem isto a propósito de certo Deputado Português (Salazarista evidentemente) ter declarado um dia que os militares que apearam o regime fascista, não passavam de primatas fardados.

NAO PODEREI DIZER QUANTO ME AFLIGE O JA HOJE EXCLUSIVO PRIVILÉGIO PORTUGUÊS DO MENDIGO, DO PÉ DESCALÇO, DO MALTRAPILHO DO FARRAPAO; NEM SEQUER O NOSSO TRISTE APANÁGIO DAS MAIS ALTAS MÉDIAS DE SUBALIMENTADOS, DE CRIANÇAS ENXOVALHADAS, EXANGUES E DE ROSTOS PALIDOS (DA FOME, DO VICIO).
excerto da carta enviada por D. Antonio F. Gomes, ( Bispo do Porto), a Salazar em 1958.

Na Alemanha de Leste, há também quem venere o antigo regime; deviam juntar-se todos e ir limpar as lágrimas aos Norte-Coreanos.
Se há 30 milhões de refugiados, 100 milhões de emigrantes, mil milhões de esfomeados, tudo isso é mais devido aos déspotas que aos democratas e só não vê quem não quiser; até se costuma dizer que o pior cego, é aquele que não quer ver.
Se na nossa frágil democracia ainda há pequenas “tiranias” que mais tarde ou mais cedo devem cair, ter “escolas” que nem uma retrete tinham, como no meu tempo, era pior que agora; ir para a tropa, ganhar  cinco escudos por mês, era pior e podem-se multiplicar os exemplos.
A.L.
(Ai daqueles que chamarem bem ao mal, e mal ao bem.) São Lucas.

mercredi 20 juin 2012

POETAS E JARDINS.




 O poeta tem o dom de transformar em paisagem aprazível qualquer lugarejo que para o comum dos mortais, é inóspito.
Estupendo, para o poeta.
Foto autor.
O sonhador sobe para cima de um penedo onde nem os gafanhotos querem viver e pode entender que aquilo é magnifico. Se junto do penhasco houver um pinheiro mesmo que invadido por lagartas processionarias , o poeta vai esquecer o efeito  urticante causado pela bicharada e a paisagem torna-se sublime, estupenda. Talvez o poeta tenha imaginado a flor do pinheiro centenário que fecundada na Primavera, deu origem a nova pinha que depois de mudar de forma, cor e tamanho, viu com o Verão, chegada a hora de libertar a sua progenitura.
Pinheiro centenario. (foto net.)
Farto de ser oprimido estava o pinhão, quando viu chegada a hora da liberdade; Bateu as palmas, saltou de alegria, mas na hora da verdade, (qual pára-quedista antes do primeiro salto,) hesitou, agarrou-se às paredes, mas estava escrito, o vento sacudiu o ramo que lhe servia de cordão umbilical, e este foi projectado para o vácuo.
Quis a Previdência que o vento o ajudasse a subir nas alturas e rodopiando tentou escolher o lugar ideal para “aterrar”.
Não podia escolher um jardim ou seara, porque segundo os humanos seria indesejável; foi poisar-se entre dois rochedos onde nem os animais o pudessem tragar. Ai nasceu um esplêndido pinheiro que depressa cresceu ate que um casal de namorados em busca de aventura, entendeu que o lugar era demasiado inóspito para tão linda dadiva da natureza, o mandou cortar, fez com a madeira um barquinho e pôs-se a navegar. Aproveitou para esse fim um pequeno rio que passava perto, afluente de um outro que os levaria ate ao Oceano.
Começavam os apaixonados a sonhar com uma ilha deserta onde pudessem olhar-se no branco dos olhos  sem incomodar ninguém, quando foram surpreendidos por uma tempestade e o barquinho fracassou contra a margem.
Quando a tristeza chegar, faz um barquinho
e poe-te a navegar.
(foto net.)
Em homenagem à arvore que tanto prazer lhes proporcionara, decidiram os apaixonados plantar muitos pinheiros a fim de que todos os namorados do mundo pudessem construir um barquinho e pôr-se a navegar, mas como não os encontraram, plantaram então outras arvores, muitas arvores.
Deve isso ter acontecido ao Sul de Coimbra, e foram talvez os namorados em questão que plantaram o Choupal.
Choupal. Foto autor.
A.L.
Quando a tristeza chegar
Faz um barquinho
E põe-te a navegar
E cria a esperança breve
De que és uma pena leve
Muito leve a flutuar.

(Poeta desconhecido)